Dicotomias Saussurianas: Paradigma e Sintagma


De acordo com os estudos da ciência da língua, é possível dizer que todos os níveis da língua (dos signos linguísticos e extralinguísticos aos morfemas) possuem dois domínios distintos: o eixo paradigmático, caracterizado pela seleção, e o eixo sintagmático, ou seja, eixo da combinação.
A dicotomia paradigma X sintagma é encontrada no domínio da língua e não da fala, visto que pertence ao sistema estruturado.
O sintagma é constituído de signos linguísticos dispostos sobre o eixo da horizontalidade, é caracterizado pela linearidade, ou seja, uma sequência dos elementos linguísticos. A propriedade básica do sintagma é a de se constituir por meio da combinação de unidades contrastivas de termos presentes (“in praesentia”), ou seja, que se opõem no plano do significante. Pode-se observar na sequência “o bom menino”, por exemplo, composta de termos distintos entre si, mas indica uma combinação.
Por outro lado, quando se observa que outros elementos linguísticos distintos dos elementos atuais poderiam ocupar as mesmas posições escolhidas pelo locutor, é chamado de paradigma. Diferentemente do sintagma, a relação paradigmática dá-se pelo valor de oposição de termos ausentes. Por exemplo, em lugar de “o bom menino”, poderíamos falar ou escrever “o bom universitário” ou “o bom trabalhador”, em que “menino”, “universitário” e “trabalhador” ocupam a mesma posição. A frase exemplificada é composta por artigo + adjetivo + substantivo, podendo ser trocada por outro artigo, adjetivo ou outro substantivo, mantendo a relação de linearidade, porém com outras opções disponíveis.
De uma maneira mais clara, podemos resumir que o eixo paradigmático é a possibilidade de escolha e substituição de um termo por outro, dentro de uma frase por exemplo, uma vez que ambos façam parte da mesma classe gramatical.

SINTAGMA



PARADIGMA
A
menina
comeu
A
laranja.
O
homem
bateu
O
carro.
Os
alunos
encontraram
aquele
caminho.
Um
animal
mordeu
A
criança.
A
caneta
riscou
Um
homem.
...
...
...
...
...

O eixo da horizontalidade apresenta a dependência entre os termos presentes na frase que se constituem a partir da possibilidade de escolha observada no eixo da verticalidade e essa escolha depende unicamente do locutor do enunciado.
 
Na segunda coluna, por exemplo, entre “menina”, “homem”, “alunos”, “animal”, e “caneta” existe uma possibilidade de substituição de um termo pelo outro. Enquanto o termo “menina” foi o escolhido, “homem”, “alunos”, “animal”, e “caneta” são virtuais, termos ausentes, pois, embora não tenham sido selecionados, poderiam ocupar o lugar de “menina” se fosse a intenção do falante. A mesma coisa pode-se dizer de todas as outras colunas estabelecidas para cada uma das palavras que constroem a frase.
Para finalizar, é dito que a importância e concretização desses conceitos consiste no fato de que Saussure chama a atenção para a noção de valor, que é a base da produção do signo.

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