Origem da Linguística
Desde tempos remotos o homem
busca, de alguma forma, se comunicar. Ao longo do tempo, as ferramentas para
tal função foram evoluindo até termos a capacidade de nos comunicar de maneira
efetiva, com a fala e a escrita. Com tal capacidade e a evolução humana, surgiu
a necessidade de estudar e preservar a linguagem humana.
Os primeiros estudos
remontam já do século IV a.C. quando os hindus começaram a estudar sua língua
na intenção de que os textos sagrados no Veda não sofressem modificações na
pronúncia. Nessa época, os gramáticos hindus, dentre os quais Panini,
desenvolveram modelos de análise que se espalhariam para o Ocidente ao final do
século XVIII. Os gregos também foram responsáveis por criarem práticas de
estudo da estrutura gramatical como definir relações entre o conceito e a
palavra que a designa. Um dos responsáveis por esse estudo foi Platão, enquanto
Aristóteles seguiu para uma análise precisa da estrutura linguística, elaborou
uma teoria da frase, a distinguir partes do discurso e enumerar categorias
gramaticais.
Já os modistas na idade
média consideraram que a estrutura gramatical das línguas é universal, ou seja,
as regras da gramática são independentes da língua em que se realizam.
Em 1660, é lançado o livro Grammaire Générale et Raisonnée de Port Royal, de Lancelot e Arnaud. A obra
mostra que a linguagem é fundamentada na razão, assim sendo, princípios da
análise estabelecida não se prendem a uma língua em particular, mas podem ser
aplicados a toda e qualquer língua.
No século XIX, começa a
surgir as gramáticas comparadas e a Linguística Histórica, calcando as bases
para a linguística contemporânea. Ainda nesse século, observa-se que a língua é
um instrumento vivo, transformando-se ao longo dos anos, independentemente da
vontade dos homens. Nessa época, o estudioso Franz Bopp destaca-se em 1816 com
a publicação de Über das
Konjugationssystem der Sanskritsprache onde analisa a conjugação do
sânscrito, comparando ao latim, grego, persa e ao germânico. Franz Bopp é
considerado o pai da linguística comparativa e o lançamento de seu livro é o
marco do surgimento da Linguística Histórica. Observa-se a semelhança entre as
línguas grega, latina, persa e germânica, sendo então possível traçar uma
relação de parentesco entre tais línguas. Por meio de um método de estudo
histórico-comparativo, estabelece-se que essas línguas possuem uma origem em
comum, a língua indo-europeia.
O estudo sobre
línguas levantou um ponto muito interessante acerca da língua literária.
Observa-se que a escrita se alterava de acordo com a fala respectiva. Um
exemplo foram os textos em latim, língua esse que, futuramente, veio a dar
origem ao português, espanhol, italiano e francês.
Daí o fato da língua falada
ser um dos princípios fundamentais da linguística moderna, embora esta
considere também a expressão oral.
Foi somente no século XX que
a investigação da linguagem passa a ser reconhecida como estudo científico com
a divulgação dos trabalhos de Fedinand Saussure, professor da Universidade de
Genebra e considerado pai da linguística moderna. Charles Bally e Albert
Sechehaye, dois alunos de Saussure, lançam em 1916 o livro Curso de Linguística
Geral, obra feita a partir de anotações das aulas. A obra é considerada
fundadora da nova ciência. Os conceitos apresentados por Saussure ainda hoje
são aplicados nos estudos linguísticos contemporâneos. Tais conceitos foram
denominados dicotomias, sendo elas: língua vs. fala; sincronia vs. diacronia;
significado vs. significante; sintagma vs. paradigma.
Com o surgimento das teorias
saussurianas, os outros estudiosos apresentaram novas propostas para o estudo
da linguagem. Bathkim em Marxismo e Filosofia da Linguagem (1929), afirma que
as línguas refletem as mudanças ocorridas na sociedade. Rompendo com a
dicotomia, o autor afirma que linguagem é uma prática social e um processo
evolutivo ininterrupto.
Já para Chomsky, o ser
humano tem uma faculdade de linguagem inata, uma capacidade genética, que
permite ao ser humano entender seu sistema linguístico, comunicando-se de forma
eficaz. Chomsky também observa que podem haver erros na fala que seriam
irrelevantes para a teoria.
Em 1993, é criado o
modelo de Princípios e Parâmetros em que se discute a variação sintática e em
1995, o Programa Minimalista volta a debater, questões anteriormente
discutidas, como a gramática gerativa e a gramática universal.
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